Respiro pode não durar: decisão foi amparada por norma que limita sobreposição de tarifas
O governo do presidente Donald Trump decidiu não incluir smartphones, computadores e outros eletrônicos de consumo nas chamadas tarifas “recíprocas” contra a China. A medida tende a suavizar o impacto sobre os consumidores norte-americanos e beneficia grandes fabricantes globais, como Apple e Samsung Electronics.
Em Nova York, a notícia provocou uma corrida de clientes às lojas da Apple, que temiam uma disparada nos preços diante da escalada tarifária anunciada anteriormente.
As isenções foram divulgadas na noite de sexta-feira (11) pela Alfândega e Proteção de Fronteiras dos Estados Unidos. Com a publicação, esses produtos ficam fora da tarifa de 125% aplicada às importações chinesas e da tarifa global de 10% que incide sobre bens originários de diversos países.
A exclusão abrange smartphones, laptops, discos rígidos, processadores e chips de memória — itens cuja produção está fortemente concentrada na Ásia e cuja substituição por fornecedores domésticos exigiria anos de investimento e desenvolvimento industrial.
Também foram retiradas da lista de sobretaxas as máquinas utilizadas na fabricação de semicondutores, o que favorece empresas como a Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC), que anunciou recentemente investimentos em fábricas nos Estados Unidos, e outros grandes players do setor.
Alívio temporário
Apesar do impacto imediato da decisão, analistas alertam que o alívio pode ser passageiro. As isenções têm como base uma diretriz que impede a aplicação cumulativa de tarifas específicas sobre setores já atingidos por taxas gerais, o que significa que esses produtos ainda podem ser alvo de futuras sanções — possivelmente com alíquotas menores, no caso da China.
Entre os setores que receberam isenções, destacam-se os semicondutores, cuja taxação específica foi prometida por Trump, mas ainda não implementada. A decisão atual é vista por especialistas como um movimento alinhado a essa promessa, embora os detalhes sobre a alíquota e o escopo da futura tarifa ainda não tenham sido divulgados.
Até o momento, as tarifas setoriais impostas por Trump variam em torno de 25%. Não está claro, no entanto, se esse percentual será replicado no caso dos semicondutores ou se haverá ajustes.