É fundamental estar atento a sinais e sintomas, buscando sempre orientação médica para garantir a saúde e o bem-estar.
O câncer se manteve como uma das principais causas de morte no Brasil em 2024. Dados do painel de monitoramento da mortalidade, divulgado pelo Ministério da Saúde, indicam que os tumores malignos, de todas as naturezas, foram responsáveis por 157.747 óbitos até setembro do ano passado, ficando atrás apenas das doenças cardiovasculares.
Em algumas localidades, no entanto, o câncer já ocupa o primeiro lugar entre as causas de morte. Pesquisa conduzida por universidades brasileiras — entre elas a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a Universidade Federal de Uberlândia e a Fundação Getulio Vargas (FGV) — analisou registros de mortalidade de 5.570 municípios, fornecidos pelo Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), entre os anos de 2000 e 2019. Os resultados, publicados na revista científica The Lancet Regional Health – Americas, revelam que as mortes por doenças cardiovasculares caíram em 25 dos 27 estados, enquanto a mortalidade por câncer aumentou em 15. Nesse intervalo, o número de municípios em que o câncer passou a ser a principal causa de óbito quase dobrou: de 7% para 13%.
O Dia Mundial de Luta Contra o Câncer, lembrado nesta segunda-feira (8), busca conscientizar a população sobre a importância do diagnóstico precoce e da prevenção da doença. O coordenador do setor de oncologia da Santa Casa de São José dos Campos, André Prestes, chama atenção para os fatores que contribuem para o avanço da enfermidade no país. “Adotar uma rotina saudável é fundamental e pode reduzir o risco de desenvolver a doença em até 30%”, afirma.
Entre os tipos de câncer mais letais estão os relacionados ao sistema digestivo, que responderam por cerca de um terço das mortes em 2024 (51.337 casos). Os cânceres de cólon (9.942 mortes), estômago (8.964) e pâncreas (8.481) figuram entre os mais frequentes. Apesar da disponibilidade de exames preventivos, como a colonoscopia, muitos casos de câncer de cólon e estômago ainda são identificados em estágio avançado, pois raramente apresentam sintomas nas fases iniciais. Já o câncer de pâncreas é frequentemente silencioso e de difícil detecção precoce, o que contribui para sua elevada taxa de mortalidade.
Fora do trato digestivo, os tumores malignos do pulmão e de outras estruturas do sistema respiratório lideraram em letalidade, com 22.853 óbitos no ano. Em termos de incidência, o câncer de mama foi o mais comum entre as mulheres, enquanto o de próstata predominou entre os homens.
O risco de desenvolver câncer pode estar relacionado a uma série de fatores, como histórico familiar da doença, tabagismo, consumo excessivo de álcool, alimentação rica em produtos ultraprocessados, sedentarismo, sobrepeso e infecções virais — especialmente por HPV e pelos vírus das hepatites B e C.
A prevenção envolve, principalmente, a adoção de hábitos saudáveis, como alimentação balanceada, prática regular de atividade física, controle do peso corporal, abstinência do tabaco e consumo moderado de bebidas alcoólicas. A vacinação contra o HPV e a hepatite B também é considerada uma medida eficaz na prevenção de determinados tipos de câncer. Além disso, o acompanhamento médico periódico é essencial. “Muitas vezes, o câncer se manifesta silenciosamente e, quando aparece algum sintoma, a doença já está em um estágio avançado, em que não há muito o que fazer. Por isso, é fundamental realizar, ao menos uma vez por ano, uma avaliação com um especialista”, reforça Prestes.