A aprovação do governo Lula (PT) registrou uma leve recuperação, passando de 24% em fevereiro para 29% em abril, segundo pesquisa do instituto Datafolha divulgada neste sábado (4).
Apesar da alta, o índice continua abaixo da taxa de reprovação, que recuou de 41% para 38%. Já 32% dos entrevistados consideram a gestão regular — mesmo percentual do levantamento anterior.
A pesquisa ouviu 3.054 pessoas com 16 anos ou mais em 172 municípios entre os dias 1º e 3 de abril. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Com os novos dados, o governo atinge o segundo pior patamar de avaliação desde o início do terceiro mandato de Lula. A situação é ligeiramente melhor do que a verificada em fevereiro, quando o petista enfrentou sua pior taxa de aprovação.
Até então, nos demais levantamentos realizados pelo instituto, o número de entrevistados que consideravam o governo como ótimo ou bom era igual ou superior ao percentual dos que o classificavam como ruim ou péssimo. Em dezembro, por exemplo, a aprovação era de 35%, frente a uma reprovação de 34%.
Reação diante de cenário desfavorável
A queda de popularidade observada no início do ano coincidiu com o aumento no preço dos alimentos, que elevou a inflação, além da repercussão negativa de medidas envolvendo o Pix, alvo de desinformação sobre uma suposta taxação.
Em resposta, o presidente promoveu mudanças na Secretaria de Comunicação Social (Secom), colocando o marqueteiro Sidônio Palmeira no comando da pasta. A estratégia de comunicação, no entanto, ainda não surtiu efeitos expressivos, conforme avaliação interna do governo, revelada pela Folha de S.Paulo.
A atual taxa de aprovação de Lula é semelhante aos 28% registrados em outubro e dezembro de 2005, quando enfrentava a crise do mensalão em seu primeiro mandato.
Comparações e recortes sociodemográficos
Em maio de 2021, em meio à pandemia de Covid-19, o então presidente Jair Bolsonaro (PL) tinha 24% de aprovação e 45% de reprovação, segundo dados do Datafolha. À época, 30% avaliavam seu governo como regular.
Na pergunta direta sobre aprovação ou desaprovação do governo, o levantamento mais recente mostra um empate técnico: 49% desaprovam e 48% aprovam, dentro da margem de erro. Outros 3% não souberam opinar.
No entanto, a expectativa em relação ao futuro do governo também perdeu fôlego. Apenas 35% acreditam que a gestão será ótima ou boa — mesmo percentual dos que preveem um desempenho ruim ou péssimo. Outros 28% esperam uma administração regular. É a primeira vez, desde o início do terceiro mandato, que as projeções positivas não superam numericamente as negativas.
Em março de 2023, logo após a posse, 50% dos entrevistados acreditavam que Lula faria um bom governo, frente a 21% que expressavam pessimismo.
Impacto percebido na vida dos brasileiros
A percepção sobre os efeitos do governo na vida dos brasileiros também não é favorável. Segundo o Datafolha, 29% dizem que a vida piorou desde a posse de Lula, ante 28% que consideram ter melhorado. A maioria (42%) afirma que tudo permaneceu igual. Em julho do ano passado, o índice dos que relatavam melhora era de 26%, enquanto 51% diziam não ter sentido diferença.
Entre as mulheres, a avaliação positiva subiu de 24% para 30%, com margem de erro de três pontos. No recorte por renda, os mais pobres (até dois salários mínimos) mantêm avaliação estável: 30%, ante 29% em fevereiro. No entanto, o grupo já representou 44% de aprovação em dezembro.
A recuperação foi mais significativa entre pessoas com escolaridade superior (de 18% para 31%) e nas faixas de renda mais altas. Entre quem ganha de dois a cinco salários mínimos, a aprovação passou de 17% para 26%; entre os que recebem de cinco a dez salários ou mais de dez, a taxa subiu de 18% para 31%.
Regionalmente, o Nordeste continua liderando a aprovação do presidente, com 38%, apesar da queda em relação a dezembro (49%). No Sudeste, houve leve melhora: de 20% para 25%.
Governo planeja ofensiva publicitária
Diante do cenário ainda desfavorável, o Palácio do Planalto prepara uma nova campanha de comunicação. O governo pretende investir até R$ 3,5 bilhões em contratos com agências de publicidade ao longo do ano, envolvendo ministérios, estatais e bancos públicos, após o fim do processo licitatório.
Na última quinta-feira (2), o governo promoveu um evento com tom eleitoral para apresentar um balanço da gestão, intitulado “Brasil Dando a Volta por Cima”, como parte da nova ofensiva de comunicação conduzida por Sidônio Palmeira. (Fonte: Folhapress)