A análise é do economista Adalmir Marquetti, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), que defende uma reação coordenada e diplomática por parte do governo brasileiro.
A imposição de tarifas de 10% sobre produtos brasileiros anunciada pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pode representar uma oportunidade estratégica para o Brasil ampliar sua presença no comércio internacional.
Em entrevista ao Repórter Brasil, da TV Brasil, Marquetti afirmou que o país deve buscar novos acordos comerciais e intensificar sua inserção em mercados alternativos. Ele destacou a importância da aprovação do acordo entre o Mercosul e a União Europeia (UE), considerado estratégico para minimizar os impactos das medidas norte-americanas. “Esse é o momento de implementar o acordo. Ele deve envolver não só a balança de bens, mas também a de serviços”, argumentou.
Segundo o professor, o Brasil mantém superávit expressivo na balança comercial de bens, mas apresenta déficit relevante na balança de serviços, setor em que os Estados Unidos são líderes globais, sobretudo na exportação de serviços tecnológicos e audiovisuais. “Temos uma balança comercial bastante positiva, mas a nossa balança de serviços é negativa. Esse acordo com a União Europeia ajudaria a reequilibrar esse cenário”, avaliou.
Marquetti também citou como exemplo positivo a recente aproximação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com países asiáticos como Japão e Vietnã. Para o economista, essas iniciativas são importantes para diversificar parcerias em um momento de instabilidade no comércio internacional.
“O Brasil pode ocupar o espaço deixado por outros países que decidirem retaliar os Estados Unidos. A China, por exemplo, já vem ampliando a compra de produtos agrícolas brasileiros. Precisamos aproveitar esse contexto para melhorar nossa pauta de exportações, incluindo bens industriais com maior valor agregado”, ressaltou.
Reciprocidade e resposta institucional
Como resposta ao anúncio do tarifaço, a Câmara dos Deputados aprovou, na noite de quarta-feira (2), o Projeto de Lei 2.088/2023, que institui a chamada Lei da Reciprocidade Comercial. A proposta autoriza o governo brasileiro a adotar contramedidas comerciais contra países ou blocos econômicos que imponham barreiras unilaterais aos produtos nacionais. O texto agora segue para sanção do presidente Lula.
Paralelamente, os ministérios das Relações Exteriores (Itamaraty) e do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) informaram que o governo não descarta acionar a Organização Mundial do Comércio (OMC) contra a medida dos Estados Unidos, embora a prioridade atual seja tentar reverter as tarifas por meio da via diplomática. (Com informações da TV Brasil)