No início do dia, o balanço oficial era de 2.065 mortos.
O número de vítimas fatais do terremoto de magnitude 7,7 que atingiu Mianmar na última sexta-feira (28) subiu para 2.719, segundo informações divulgadas pela imprensa estatal chinesa nesta segunda-feira (31).
O tremor foi um dos mais fortes já registrados no país asiático, e seus efeitos também foram sentidos com intensidade na Tailândia e em regiões da China. Na capital tailandesa, Bangkok, o abalo causou o colapso de um arranha-céu em construção e provocou destruição generalizada.
Equipes de resgate continuam em busca de desaparecidos tanto em Mianmar quanto na Tailândia. Até esta segunda-feira, centenas de pessoas seguiam sob os escombros. Os governos da China e da França confirmaram que há cidadãos de seus países entre os mortos.
A tragédia se soma a uma grave crise interna em Mianmar, que vive uma guerra civil desde o golpe militar de 2021, que depôs o governo democraticamente eleito da ex-líder Aung San Suu Kyi, vencedora do Prêmio Nobel da Paz. O conflito já forçou o deslocamento de mais de 3,5 milhões de pessoas e agravou o colapso das estruturas básicas do país, como saúde e transporte.
Infraestruturas essenciais — como pontes, estradas, ferrovias e aeroportos — foram danificadas pelo terremoto, dificultando a chegada da ajuda humanitária. Em algumas das áreas mais próximas ao epicentro, moradores relataram à agência Reuters a escassez de assistência governamental e afirmaram estar contando apenas com a solidariedade local.
Resgates ainda em andamento
Em Mandalay, uma das maiores cidades de Mianmar, equipes chinesas, russas e locais conseguiram resgatar com vida uma mulher que estava presa sob os escombros do Great Wall Hotel, desabado com o tremor. Ela foi encontrada após 60 horas soterrada e permanece em condição estável, segundo autoridades locais.
Na Tailândia, os esforços de resgate também prosseguem. Em Bangkok, 76 pessoas continuam desaparecidas após o colapso de um edifício em construção. O governador da cidade, Chadchart Sittipunt, informou que as operações de busca continuam, mesmo após o prazo considerado crítico de 72 horas.
“A busca continuará mesmo depois de 72 horas porque na Turquia, pessoas que ficaram presas por uma semana sobreviveram. A busca não foi cancelada”, afirmou. Máquinas e cães farejadores detectaram sinais de vida sob os escombros. No domingo (30), o número oficial de mortos na Tailândia era de 18.
Apoio internacional
A resposta internacional à tragédia inclui o envio de equipes e insumos por países vizinhos como Índia, China e Tailândia, além de ajuda humanitária da Malásia, Cingapura e Rússia. A Organização das Nações Unidas anunciou o envio de suprimentos de emergência para atender cerca de 23 mil sobreviventes no centro de Mianmar.
“Nossas equipes em Mandalay estão unindo esforços para ampliar a resposta humanitária, apesar de passarem pelo trauma elas mesmas”, afirmou Noriko Takagi, representante da agência da ONU para refugiados no país. “O tempo é essencial, pois Mianmar precisa de solidariedade e apoio global durante essa imensa devastação.”
Os Estados Unidos anunciaram o repasse de US$ 2 milhões em ajuda humanitária, por meio de organizações que atuam dentro do território birmanês. Uma equipe de resposta emergencial da agência USAID também será enviada ao país, apesar de enfrentar cortes orçamentários.