O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, renovou nesta sexta-feira (7) seu pedido por um cessar-fogo aéreo e marítimo, após uma noite marcada por novos ataques russos que atingiram em cheio infraestruturas estratégicas. Segundo informações do governo ucraniano, pelo menos 58 mísseis e 194 drones russos foram lançados contra instalações energéticas no país.
Pela primeira vez desde o início do conflito, forças ucranianas utilizaram os caças franceses Mirage 2000 para responder aos ataques. Em comunicado publicado na rede social X, Zelensky reforçou a importância de interromper as ofensivas aéreas russas como condição indispensável para alcançar “uma paz real”. Ele enfatizou que é urgente a “proibição” do uso de armas como “mísseis, drones de longo alcance e bombas”.
O presidente turco Recep Tayyip Erdogan manifestou apoio à proposta ucraniana, sugerindo ainda que seu país pode sediar novas rodadas de negociação entre Moscou e Kiev. “Defendemos que um cessar-fogo seja estabelecido rapidamente para cessar os ataques e criar um ambiente de confiança entre as partes”, afirmou Erdogan.
Os ataques da madrugada desta sexta-feira ocorreram um dia depois da cúpula dos 27 líderes da União Europeia, que discutiram o reforço das defesas do continente diante do recuo dos Estados Unidos em relação ao conflito. A Europa aprovou um plano batizado “Rearming Europe”, que prevê um investimento de € 800 bilhões (aproximadamente R$ 5 trilhões) para ampliar a capacidade defensiva do bloco.
Diplomacia em curso
Na esfera diplomática, uma reunião entre representantes dos Estados Unidos e da Ucrânia está prevista para terça-feira (11), na Arábia Saudita. O objetivo do encontro é definir uma estrutura inicial para negociações de paz, segundo anunciou o enviado americano para o Oriente Médio, Steve Witkoff. Zelensky confirmou que viajará ao país árabe na segunda-feira (10), onde também se reunirá com o príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman.
“Minha equipe permanecerá na Arábia Saudita para avançar nas discussões com nossos parceiros americanos”, informou Zelensky, destacando seu compromisso com uma “paz rápida e duradoura”.
O ex-presidente americano Donald Trump também revelou planos de visitar a Arábia Saudita em breve, sem especificar uma data exata.
Além disso, Zelensky tem viagem prevista à África do Sul no próximo dia 10 de abril, visando avançar em conversas relacionadas a um possível processo de paz com a Rússia, segundo a presidência sul-africana.
Ataques e resposta aérea
Na manhã desta sexta-feira, diversas regiões ucranianas amanheceram sob alertas após novos ataques maciços contra infraestruturas de energia e gás. Segundo o ministro da Energia ucraniano, German Galushchenko, todas as medidas necessárias estão sendo implementadas para normalizar o abastecimento.
O Exército da Ucrânia informou que os ataques russos tiveram como principal alvo instalações produtoras de gás e, pela primeira vez, foram repelidos com o apoio direto dos recém-chegados caças Mirage 2000, enviados pela França há cerca de um mês. O general francês Bruno Mignot esclareceu que os Mirage têm a missão estratégica de interceptar drones e afastar caças russos, obrigando-os a disparar seus armamentos a distâncias mais seguras.
Infraestrutura crítica e danos civis
Diversas cidades reportaram danos materiais e vítimas após os bombardeios russos. Em Kharkiv, no leste do país, pelo menos cinco pessoas ficaram feridas e edifícios residenciais foram severamente atingidos. Já na região de Ternopil, oeste ucraniano, instalações industriais críticas foram atacadas, com possíveis impactos no fornecimento de gás.
No sul, na região de Odessa, ataques causaram incêndios em moradias e danos significativos em infraestruturas essenciais. Um dia antes, a cidade de Kryvyi Rig, na região central, sofreu bombardeios que deixaram quatro mortos e mais de 30 feridos, após um hotel ser diretamente atingido.
Compromisso europeu com Kiev
Enquanto a Ucrânia enfrenta desafios devido à interrupção da ajuda militar e do compartilhamento de inteligência por parte dos Estados Unidos, líderes europeus reiteraram a necessidade de manter Kiev envolvida em todas as negociações sobre seu próprio futuro.
Neste contexto, o ministro francês das Forças Armadas, Sébastien Lecornu, confirmou um encontro com homólogos da Alemanha, Itália, Polônia e Reino Unido na próxima quarta-feira, em Paris, para discutir novas ações conjuntas de apoio militar à Ucrânia.