Levantamento do Censo Escolar de 2022 revelou que, em 3.008 municípios do Brasil, mais da metade da população com 25 anos ou mais não havia concluído o ensino fundamental ou sequer possuía instrução formal.
O estudo, divulgado nesta quarta-feira (26) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), também apontou que, em 75 municípios, pelo menos um quarto dos adultos dessa faixa etária tinha ensino superior completo.
Outro dado relevante da pesquisa indicou que mais de 1,7 milhão de crianças e adolescentes entre 6 e 17 anos não estavam frequentando a escola em 2022, evidenciando desafios persistentes no acesso à educação básica no país.
Avanço na escolarização nas últimas décadas
Apesar das dificuldades, o estudo destacou que o nível de instrução da população apresentou avanço significativo ao longo das últimas décadas. Em 2022, 35,2% dos brasileiros com 25 anos ou mais se encontravam na categoria “Sem instrução e fundamental incompleto”, enquanto 14% tinham “Fundamental completo e médio incompleto”. Outros 32,3% haviam alcançado “Médio completo e superior incompleto”, e 18,4% possuíam “Superior completo”.
Os números representam uma melhora expressiva em relação aos anos 2000, quando apenas 6,8% dos brasileiros nessa faixa etária haviam concluído o ensino superior. Na época, o percentual de pessoas sem qualquer instrução ou com apenas parte do ensino fundamental era de 3,2%.
Desigualdades regionais na educação
O levantamento também mostrou disparidades regionais significativas. O Centro-Oeste registrou a maior proporção de adultos com ensino superior completo (21,8%), enquanto o Nordeste apresentou o menor índice (13,0%).
Entre as unidades da Federação, o Distrito Federal liderou o ranking, com 37% da população de 25 anos ou mais tendo concluído o ensino superior. São Paulo apareceu em segundo lugar, com 23,3%. Em contrapartida, o Maranhão apresentou o menor percentual, com apenas 11,1%. Esse cenário é semelhante ao observado no Censo Demográfico de 2000, quando o Distrito Federal registrava 15,3% e o Maranhão, 1,9%.
Mulheres têm maior nível de escolaridade que homens
A pesquisa também evidenciou que as mulheres apresentam, em média, maior nível de instrução do que os homens. Em 2022, 20,7% das mulheres com 25 anos ou mais tinham ensino superior completo, contra 15,8% dos homens.
Por outro lado, a proporção de indivíduos com “Sem instrução e fundamental incompleto” foi maior entre os homens (37,3%) do que entre as mulheres (33,4%).
1,7 milhão de crianças fora da escola
Apesar da taxa de matrícula atingir 98,3% entre crianças de 6 a 14 anos, ainda havia 431.594 fora da escola. Entre adolescentes de 15 a 17 anos, a situação era ainda mais preocupante: a taxa de frequência escolar foi de 85,3%, deixando 1.271.678 jovens sem acesso ao ensino.
A média de anos de estudo da população com 25 anos ou mais foi de 9,6 anos. Entre as mulheres, esse número sobe para 9,8 anos, enquanto entre os homens cai para 9,3 anos. A diferença se mostra mais acentuada até os 49 anos e diminui nas faixas etárias mais velhas. “Combinando a desagregação por grupos de idade com a desagregação por sexo, nota-se que a diferença da média de anos de estudos em favor das mulheres é mais ampla entre a população de até 49 anos, declinando nas faixas etárias mais velhas”, destaca o estudo.
Os dados reforçam a necessidade de políticas públicas voltadas para a redução das desigualdades regionais e de gênero na educação, bem como a ampliação do acesso à escolarização, especialmente entre crianças e adolescentes.