Avião-ambulância que caiu na avenida movimentada de Filadélfia fazia o traslado de menina mexicana de 12 anos, que havia concluído tratamento para doença grave
Um acidente aéreo ocorrido na noite de sexta-feira (31/1) na Filadélfia, Pensilvânia, intensificou a preocupação com a segurança aeronáutica nos Estados Unidos, sendo o segundo desastre do tipo registrado no país em apenas 48 horas. O jato executivo Learjet 55, que operava como Unidade de Terapia Intensiva (UTI) aérea, caiu sobre uma avenida movimentada da cidade, atingindo vários veículos. A aeronave transportava uma menina mexicana de 12 anos, que retornava para Tijuana após concluir tratamento de uma doença grave no Shriner’s Children Hospital.
O avião-ambulância era fretado pela companhia Jet Rescue Air Ambulance e havia decolado do aeroporto Northeast Philadelphia com destino ao terminal Springfield-Branson, no Missouri, onde faria uma parada para reabastecimento antes de seguir ao México. Além da paciente, faleceram no acidente sua mãe, um médico, um paramédico, o piloto e o copiloto. Autoridades da Filadélfia confirmaram que um corpo foi encontrado dentro de um veículo atingido e que pelo menos 19 pessoas ficaram feridas no solo.
Pronunciamento do hospital
Em declaração ao Correio Braziliense, Mel Bower, porta-voz do Shriner’s Children Hospital na Filadélfia, lamentou a tragédia e destacou a jornada da jovem paciente. “Ela esteve conosco por cerca de quatro meses, recebendo tratamento para uma condição grave que não podia ser facilmente tratada em seu país de origem. Durante esse tempo, deixou um impacto significativo em nossa equipe e nos demais pacientes”, afirmou Bower por e-mail. Segundo ele, a menina já havia concluído os procedimentos médicos, mas, por questões de privacidade, detalhes sobre seu quadro não foram divulgados.
Aeronave em boas condições
A Jet Rescue Air Ambulance, responsável pelo fretamento do avião, também se pronunciou. O porta-voz da empresa, Shai Gold, confirmou que a menina recebeu atendimento nos EUA e que a empresa foi contratada para transportá-la de volta ao México. “Normalmente, quando uma criança vem aos EUA para tratamento, isso significa que ela enfrenta uma doença muito grave”, disse. Gold acrescentou que, embora o Learjet 55 “não fosse uma aeronave nova”, estava em “excelente condição mecânica”. “Não sabemos o que aconteceu. Estamos aguardando os resultados da investigação”, afirmou.
De acordo com as informações preliminares, a aeronave permaneceu no ar por apenas 40 segundos antes de despencar sobre a Avenida Cottman, em uma inclinação abrupta, semelhante a um míssil.
Imagem feita por um drone mostra parte da avenida atingida pelo Learjet 55, no nordeste da Filadélfia: carros incinerados e danos a construções – (crédito: Billy Kyle/Instagram)
Testemunhos e investigação
A queda do jato ocorreu em uma região da Filadélfia que abriga uma significativa comunidade brasileira. Leandra Quintela, 38 anos, natural de Gonzaga (MG) e residente na cidade desde 2010, relatou ao Correio o momento do impacto. “Cheguei do trabalho e, pouco depois de desligar o telefone, ouvi um estrondo enorme. Minha cunhada, que mora próximo, disse que uma bola de fogo subiu no ar. Corri para o local e a polícia já estava isolando a área. O fogo se espalhava pelo meio da rua, com muita fumaça”, descreveu.
A Administração Federal de Aviação (FAA) e a Junta Nacional de Segurança dos Transportes (NTSB) conduzem as investigações para determinar as causas da tragédia. Paralelamente, ambas as agências também apuram a colisão registrada na quarta-feira (29/1), em Washington, entre um avião comercial da American Airlines, com 64 ocupantes, e um helicóptero militar Black Hawk, que transportava três tripulantes. As caixas-pretas do Black Hawk foram recuperadas na sexta-feira, enquanto as do avião comercial haviam sido resgatadas no dia anterior.
Roberto Márquez instala cruzes para vítimas do desastre em Washington(foto: Al Drago/Getty Images/AFP)
Em Washington, um memorial foi erguido às margens do Rio Potomac em homenagem às vítimas. O artista plástico mexicano Roberto Márquez instalou 67 cruzes, simbolizando cada uma das vidas perdidas no acidente.
O helicóptero militar envolvido no desastre estava participando de um treinamento para a retirada emergencial de membros do governo em cenários de crise ou ataques terroristas, conforme revelou o secretário da Defesa, Pete Hegseth, em entrevista à Fox News. Segundo ele, o Black Hawk realizava um exercício de “continuidade do governo”, projetado para simular situações do mundo real e preparar os pilotos para operações de evacuação de alta segurança.