O imunizante demonstrou eficácia e segurança elevadas, mantendo anticorpos em 98,3% dos voluntários um ano após a aplicação.
A primeira vacina brasileira contra a chikungunya, produzida pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica franco-austríaca Valneva, deve ser aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) nas próximas semanas.
O diretor de Assuntos Regulatórios, Qualidade e Ensaios Clínicos da Fundação Butantan, Gustavo Mendes, destacou a expectativa de aprovação iminente. “Esperamos a aprovação nos próximos dias ou semanas. A vacina já foi submetida à Anvisa e toda a documentação está revisada”, afirmou em entrevista ao portal R7.
Impacto da chikungunya no Brasil
A chikungunya, transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, provoca sintomas debilitantes, incluindo dores crônicas nas articulações. Em 2024, a doença causou 214 mortes no país, e, em 2025, já foram registrados 11,8 mil casos prováveis, com três óbitos confirmados e 12 em investigação, conforme dados do Ministério da Saúde.

Tomaz Silva/Agência Brasil
Eficácia e testes clínicos
Durante os ensaios clínicos de fase 3, a vacina demonstrou 99,1% de eficácia após seis meses da aplicação. O estudo envolveu 750 adolescentes entre 12 e 17 anos, sendo que 500 receberam o imunizante e 250 um placebo. Os testes foram realizados em regiões de alta incidência da doença, como São Paulo, Salvador, Fortaleza, Recife e Manaus.
Nos Estados Unidos, uma vacina semelhante foi testada em quase 4.000 voluntários entre 18 e 65 anos, alcançando 98,9% de eficácia em seis meses. Diante desses resultados, o imunizante já recebeu aprovação da FDA (Food and Drug Administration) e da Agência Europeia de Medicamentos (EMA), órgãos equivalentes à Anvisa.
Próximos passos
A Anvisa segue um rigoroso processo de análise antes de aprovar uma nova vacina. O procedimento inclui estudos laboratoriais, testes em animais e ensaios clínicos em humanos para avaliar segurança, produção de anticorpos e eficácia. Após a aprovação, a vacina poderá ser disponibilizada na rede privada e, posteriormente, incorporada ao Programa Nacional de Imunizações (PNI), permitindo sua distribuição gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
A chikungunya continua sendo uma preocupação de saúde pública no Brasil. A chegada do imunizante representa um avanço significativo na prevenção da doença e na redução de complicações associadas à infecção pelo vírus.