Trump mantém prazo para tarifas sobre México, Canadá e China, afirma Casa Branca
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, manterá o prazo final de sábado, 1º de fevereiro, para a imposição de tarifas alfandegárias de 25% sobre México e Canadá e de 10% sobre a China, segundo anunciou a Casa Branca nesta sexta-feira (31). A declaração desmentiu informações que indicavam um possível adiamento da medida.
“Eu vi essa reportagem e ela é falsa”, afirmou Karoline Leavitt, porta-voz da Casa Branca. “Estive com o presidente no Salão Oval e posso confirmar que o prazo de 1º de fevereiro permanece inalterado”, disse a jornalistas durante coletiva de imprensa.
De acordo com cálculos do Peterson Institute for International Economics, a tarifa de 25% sobre México e Canadá poderá reduzir o Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos em aproximadamente US$ 200 bilhões até o fim do governo Trump. Já a taxa de 10% sobre produtos chineses deve representar uma queda adicional de US$ 55 bilhões no PIB americano ao longo dos próximos quatro anos.
A decisão de impor as tarifas está alinhada ao discurso de Trump sobre a necessidade de conter a entrada de imigrantes sem documentação e o tráfico de drogas pelas fronteiras americanas. A medida era amplamente aguardada pelos mercados financeiros, líderes empresariais e políticos, que analisam cada movimentação do presidente em busca de sinais sobre sua política comercial.
Questionada sobre a efetiva implementação das tarifas, Leavitt confirmou que elas entrarão em vigor conforme previsto. “Se, em algum momento, o presidente decidir reduzi-las, essa será uma decisão dele. Mas, a partir de amanhã, as tarifas estarão em vigor”, declarou. A porta-voz não comentou sobre possíveis isenções para determinados produtos.
Enquanto isso, Tom Homan, responsável pela política de fronteira dos EUA, deve se reunir com autoridades canadenses ainda nesta sexta-feira para discutir o impacto das novas tarifas, segundo fontes próximas ao tema.
As tarifas marcam a primeira grande ação comercial de Trump em seu novo mandato e geram preocupações globais. Além do impacto sobre México e Canadá, outras nações avaliam a possibilidade de também se tornarem alvos de sanções comerciais, enquanto empresas americanas se preparam para eventuais retaliações.
Durante sua campanha, Trump defendeu a imposição de tarifas abrangentes como parte de uma estratégia para reconfigurar as relações comerciais dos Estados Unidos. No entanto, as primeiras semanas de sua nova administração geraram incertezas quanto à concretização dessa promessa, levando analistas a especularem se suas ameaças eram apenas um instrumento de negociação.
O presidente encomendou relatórios sobre tarifas e comércio exterior, que devem ser entregues até 1º de abril. A partir desses estudos, ele poderá implementar novas medidas ou até reconsiderar o pacto comercial recentemente renegociado com México e Canadá, que está previsto para revisão em 2026.
Além das tarifas gerais, Trump também sugeriu a aplicação de taxas setoriais sobre produtos como fármacos, semicondutores, aço, alumínio e cobre, o que poderia impactar amplamente diversos países. Ele também ordenou uma investigação para avaliar se a China cumpriu os termos do acordo comercial assinado em seu primeiro mandato, o que poderia justificar novas sanções contra a segunda maior economia mundial.
A imposição da tarifa de 25% sobre dois dos maiores parceiros comerciais dos EUA pode desencadear efeitos econômicos expressivos e até levar a uma guerra comercial, comprometendo as proteções oferecidas pelo acordo de livre comércio com México e Canadá.
Nesta semana, Trump indicou que a tarifa de 25% pode ser apenas um ponto de partida, sugerindo a possibilidade de aumentos futuros. No acumulado dos primeiros 11 meses de 2024, o comércio entre os EUA e o Canadá atingiu US$ 699 bilhões, enquanto as trocas comerciais com o México somaram US$ 776 bilhões.
Economistas alertam que uma guerra comercial poderá elevar os custos dos insumos importados utilizados pela indústria americana, encarecer produtos para os consumidores e redirecionar ou reduzir fluxos comerciais. A tarifa proposta deve afetar especialmente os setores automotivo e energético, que dependem intensamente das relações comerciais entre os países.