Produtos essenciais da cesta básica tendem a encarecer ainda mais este ano
Os preços dos principais produtos da cesta básica devem continuar em elevação em 2025, impactando significativamente o orçamento das famílias brasileiras. Embora a alta não seja generalizada, itens como carne bovina, frango, café, arroz e leite despontam como os principais vilões da inflação deste ano, conforme avaliação de economistas consultados pelo portal Terra.
No ano passado, a categoria de alimentos e bebidas registrou um aumento de 7,69%, superando a inflação geral de 4,83%. Em 2025, a tendência de alta persiste. Na prévia da inflação de janeiro, carnes (1,93%) e frango (1,99%) puxaram a elevação dos preços, acompanhados por aumentos expressivos em produtos como cebola (4,78%), tomate (17,12%), cenoura (18,47%) e café (7,07%).
“Alguns produtos, por fatores internos e externos, estão pressionando os índices inflacionários. Podem-se citar as proteínas animais [carne bovina e de frango], o café, o arroz e o leite longa vida”, afirma José Carlos de Souza Filho, economista e professor da FIA Business School.
Segundo Souza Filho, as projeções para 2025 indicam aumentos de 7,5% na carne bovina, 20% no café, 9% na carne de frango e 5,5% no arroz.
Lucas Sharau, economista e assessor na iHUB Investimentos, aponta que o óleo de soja também deve contribuir para a inflação, impulsionado pela alta demanda e pela redução da produção devido a condições climáticas adversas.
“O Brasil depende diretamente de condições climáticas favoráveis para manter sua produção agrícola. Eventos como chuvas excessivas, secas severas ou mudanças bruscas de temperatura podem prejudicar a colheita e reduzir a oferta de produtos, elevando os preços no mercado interno”, explica Sharau.
Possíveis medidas governamentais
Diante desse cenário, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estuda estratégias para conter a alta dos alimentos. Embora ainda não tenha anunciado medidas concretas, algumas propostas estão em discussão, como a redução dos custos de intermediação nas operações realizadas com vales refeição e alimentação, além da revisão das alíquotas de importação de produtos com preços elevados no mercado nacional.
“O governo possui ferramentas para conter o aumento dos preços, como a redução de impostos sobre exportação e importação, incentivos à produção nacional e melhorias na infraestrutura logística. Essas medidas podem tornar a produção mais competitiva e aliviar os custos para o consumidor final”, avalia Lucas Sharau.
Por outro lado, o governo descarta soluções como o congelamento de preços, tabelamento, concessão de subsídios a produtores ou mudanças na data de validade dos alimentos, pois reconhece que a tributação não é o principal fator que encarece esses itens.
Caminhos para a estabilidade dos preços
Para José Carlos de Souza Filho, a estabilidade de preços depende de um ambiente econômico mais equilibrado, o que passa pelo controle das contas públicas e pelo equilíbrio fiscal. Esse cenário poderia viabilizar uma redução da taxa básica de juros, incentivando investimentos produtivos.
“O varejo em geral seria o grande beneficiado dessas medidas e poderia repassar isso aos consumidores, uma vez que seus custos se reduziriam. Outra iniciativa importante seria a adoção de estoques reguladores pelo governo para estabilizar a oferta em momentos de crise ou sazonalidade”, sugere o economista.
Além das políticas governamentais, a previsão de uma safra recorde para 2025 pode contribuir para o aumento da oferta e a redução da pressão inflacionária. O comportamento do dólar também tende a ser menos volátil, já que as incertezas econômicas do ano anterior foram mitigadas, promovendo uma maior estabilidade no comércio internacional.