Especialista alerta para os riscos da doença, que pode trazer complicações graves tanto para a mãe quanto para o bebê.
O avanço no número de casos de dengue neste início de ano acende o alerta para a necessidade de cuidados rigorosos por parte das gestantes. Em Goiânia, foram registrados 562 casos confirmados apenas nas primeiras três semanas de janeiro. De acordo com o ginecologista e obstetra Rogério Cândido Rocha, diretor-técnico da Maternidade Nascer Cidadão (MNC), a gravidez pode agravar o quadro da doença, pois a resposta imunológica das gestantes tende a ser mais lenta, aumentando o risco de complicações graves, como a dengue hemorrágica.
“Esses quadros podem causar sangramentos intensos, internações em UTI e, em casos extremos, levar ao óbito materno”, destaca o especialista. Além disso, a infecção também representa um perigo significativo para o bebê. “Complicações como abortos espontâneos, partos prematuros, descolamento de placenta e até transmissão vertical do vírus são preocupações constantes. O primeiro trimestre é o período mais crítico, pois é quando ocorre a embriogênese, deixando o bebê mais vulnerável a problemas neurológicos e outras condições graves”, explica Rocha.
Atenção aos sintomas
O diagnóstico precoce é essencial para evitar complicações. Por isso, gestantes devem monitorar sintomas como febre alta, dores de cabeça, dores musculares e nas articulações, manchas vermelhas na pele, náuseas e cansaço excessivo. “Ao menor sintoma, a gestante deve procurar a maternidade de referência mais próxima para receber assistência adequada”, reforça o médico, lembrando que gestantes integram o grupo de risco da doença.
Prevenção: a melhor estratégia
Medidas preventivas são fundamentais para proteger as gestantes contra o Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue. Entre as recomendações estão o uso diário de repelentes aprovados para gestantes, roupas que cubram braços e pernas e a instalação de telas em janelas e portas para evitar a entrada do inseto. “O controle de criadouros do mosquito também é essencial, eliminando a água parada e mantendo o ambiente protegido”, orienta o obstetra.
O acompanhamento durante o pré-natal tem papel crucial na identificação precoce de sinais da doença e na adoção de estratégias adequadas para cada caso. “Além disso, mulheres que já contraíram dengue anteriormente precisam redobrar os cuidados, pois estão mais suscetíveis a formas graves da infecção, que podem ocasionar hemorragias, restrição no crescimento fetal e, em casos mais graves, morte neonatal”, alerta o especialista.
Outras arboviroses: zika e chikungunya
Doenças como zika e chikungunya, também transmitidas pelo Aedes aegypti, requerem atenção especial durante a gestação. Segundo Rocha, o vírus zika pode atravessar a placenta, causando malformações graves no sistema nervoso do feto, como microcefalia. “Já a chikungunya pode levar a abortos, complicações neurológicas e aumento de casos de pré-eclâmpsia. A prevenção continua sendo a principal arma contra essas doenças, já que as vacinas disponíveis não são indicadas para gestantes”, explica.
Por não haver vacinas disponíveis para gestantes contra essas doenças, a prevenção segue como a principal ferramenta para evitar riscos. “Manter os cuidados preventivos é essencial para garantir a saúde da mãe e do bebê”, conclui o obstetra.
