Medidas buscam melhorar logística e reduzir custos que impactam diretamente os preços ao consumidor.
A alta nos preços dos alimentos ganhou destaque nas discussões do governo federal neste início de ano, após cobranças do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na semana passada, o tema foi pauta de uma reunião ministerial liderada pelo presidente, que exigiu ações para mitigar o problema.
Com isso, o governo prepara uma força-tarefa para antecipar e resolver eventuais dificuldades logísticas no escoamento da safra agrícola. A estratégia tem como objetivo evitar que problemas em rodovias, ferrovias e portos encareçam o transporte e agravem a inflação dos alimentos.
De acordo com o secretário-executivo do Ministério dos Transportes, George Santoro, a elaboração do plano está sendo conduzida em parceria com os ministérios da Agricultura e dos Portos e Aeroportos, além de órgãos como o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), PRF (Polícia Rodoviária Federal), ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) e Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários).
Uma reunião para alinhar as ações está prevista para esta semana. “Cada área levará seus pontos de atenção para discutirmos as prioridades”, afirmou Santoro. Ele destacou ainda que “o custo de operação e o tempo entre o produtor e o mercado têm impacto direto nos preços dos alimentos”.
Medidas imediatas e estruturais
O plano prevê ações de curto prazo, como gerenciamento de filas e intervenções rápidas em rodovias, e de médio e longo prazo, como investimentos em obras de infraestrutura. Segundo Santoro, mais de 95% da malha rodoviária federal já está coberta por contratos de manutenção, o que permite respostas mais ágeis em casos de emergências, como deslizamentos que bloqueiam estradas.
Entre os exemplos citados está a passagem urbana de Gurupi, no Tocantins, que resolveu um gargalo logístico importante para o transporte de mercadorias. Além disso, 60 obras estruturantes estão sendo executadas para melhorar os corredores de escoamento da safra.
Nos portos, o governo adotou um sistema de controle de fluxo com agendamento de desembarques, evitando a chegada simultânea de caminhões nos terminais. Também há um mapeamento contínuo para identificar gargalos que possam surgir na infraestrutura portuária, permitindo a realização de investimentos pontuais para evitar atrasos no carregamento de navios, que geram custos adicionais repassados ao consumidor.
Esforços para conter a inflação dos alimentos
O aumento no preço dos alimentos foi central na reunião ministerial realizada na semana passada, na qual Lula cobrou medidas efetivas para baratear os custos ao consumidor. Entre as ações propostas, estão a regulamentação da portabilidade do PAT (Programa de Alimentação do Trabalhador), que inclui vale-refeição e vale-alimentação, e estímulos à produção de alimentos básicos, como arroz e feijão.
Entretanto, as propostas enfrentam questionamentos e levantam preocupações entre agentes econômicos e investidores. Há receios de que medidas intervencionistas, como a taxação de exportações, possam ser adotadas, gerando impactos nas contas públicas e na economia como um todo.
Conforme revelou a coluna Painel da Folha de S.Paulo, o governo identificou cinco produtos que têm peso significativo na alta dos alimentos: carne, café, açúcar, óleo de soja e laranja. A expectativa é de que a força-tarefa e os investimentos em logística ajudem a mitigar os efeitos da inflação no setor.
Da Redação/Clicknews
(Fonte: Folhapress)
