A possibilidade de os Estados Unidos ampliarem as tarifas sobre produtos importados da China tem gerado preocupação entre analistas quanto aos impactos para o Brasil.
O presidente norte-americano, Donald Trump, que assumiu o cargo nesta segunda-feira (20), reafirmou em diversas ocasiões a intenção de elevar a taxacão sobre bens chineses como parte de sua política comercial.
Entre as medidas mencionadas, está o aumento de 60% nas tarifas sobre importações do país asiático, bem como uma sobretaxa de 25% para produtos vindos do México e do Canadá. Essa escalada nas tensões comerciais entre as duas maiores economias do mundo pode ter reflexos significativos para o Brasil, dado que a China é o principal destino das exportações brasileiras de produtos agrícolas.
Possíveis reações da China
Para minimizar os impactos das tarifas impostas pelos Estados Unidos, é possível que a China intensifique suas compras de produtos norte-americanos, reduzindo a dependência de importações do Brasil. Atualmente, o Brasil ocupa a posição de maior fornecedor de alimentos para o mercado chinês, respondendo por aproximadamente 25% das importações alimentícias do país asiático.
Em 2023, as exportações brasileiras do setor agropecuário para a China alcançaram US$ 60 bilhões (cerca de R$ 362 bilhões), um crescimento de US$ 9 bilhões em relação a 2022, segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Entre os principais produtos exportados estão soja, milho, carnes e celulose.
Consequências para o agronegócio brasileiro
Caso a China opte por substituir parte das importações brasileiras por bens norte-americanos, as perdas para o agronegócio nacional podem ser significativas. “Se a China agora tentar evitar tarifas prometendo comprar mais produtos agrícolas dos EUA, isso pode ser uma péssima notícia para o Brasil. A China vai se esforçar para comprar coisas dos EUA, pois as tarifas representam um grande perigo”, destacou Robin Brooks, economista do Instituto Brookings, em uma análise publicada na rede social X (antigo Twitter).
Brooks também ressaltou que o Brasil depende fortemente de sua relação comercial com a China para manter o superávit comercial. “O Brasil está prestes a descobrir que não existe um ‘Sul Global’”, afirmou o economista, acrescentando que o país pode enfrentar consequências graves caso seja “descartado como uma batata quente”.
Relação comercial Brasil-China
Embora seja o maior exportador para a China, o Brasil também importa diversos produtos do país asiático, incluindo bens florestais e têxteis. As relações bilaterais entre as nações já somam 50 anos e têm sido estruturadas pela Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (COSBAN), com foco na ampliação do comércio bilateral.
Segundo dados do Mapa, as importações brasileiras da China somaram aproximadamente US$ 1,18 bilhão (cerca de R$ 7,14 bilhões), reforçando a importância da cooperação econômica entre os dois países.
Desafios e perspectivas
O avanço da política tarifária de Trump pode colocar o Brasil em uma posição de vulnerabilidade, dependendo das decisões comerciais da China. Especialistas apontam para a necessidade de diversificação dos mercados e produtos exportados pelo Brasil como uma estratégia para mitigar riscos e assegurar a estabilidade econômica do país.
Da Redação/Clicknews/R7