O advogado Sebastião Carlos de Oliveira foi preso, nesta sexta-feira (15), em um hotel em Goiânia. Ele é suspeito de matar o próprio cunhado, o lenhador Hélio Alves Borges, de 66 anos, em Guapó, na Região Metropolitana da capital. Conforme depoimentos de testemunhas, o investigado também pode ter criado empresas no nome do parente, que têm dívidas de R$ 7 milhões.
O delegado responsável pelo caso, Arthur Fleury, afirmou que o investigado foi encontrado após investigação do departamento de inteligência da Polícia Civil e foi cumprido um mandado de prisão preventiva. Após a prisão, ele foi levado para a Unidade Prisional de Guapó, onde ocorreu o crime.
“Havia um mandado de prisão temporária contra ele, mas a defesa conseguiu um habeas corpus e ‘anulou’ esse mandado. No entanto, pedimos novamente a prisão dele, desta vez junto ao Ministério Público, e conseguimos dar cumprimento”, informou ao G1.
O advogado de Sebastião, Tadeu Bastos, afirmou que vai entrar com pedido de revogação da prisão e que já solicitou que o detido fique em uma cela especial por possuir ensino superior completo. Ele disse ainda que o seu cliente agiu em legítima defesa, já que, na ocasião do homicídio, a vítima estava indo em direção a ele com um facão. Ainda segundo o defensor, o acusado não criou dívidas no nome do lenhador.
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O lenhador Hélio Alves Borges, de 66 anos, foi morto a tiros (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)
Crime e dívidas
O lenhador foi morto em maio deste ano. Conforme apurou a Polícia Civil, durante uma discussão sobre posse de terras deixadas pelo irmão de Hélio, Sebastião atirou nele pelas costas. Por isso, a corporação não acredita na hipótese de que o autor tenha agido em legítima defesa. O delegado acrescentou que nunca foi encontrado nenhum facão no local do crime, que, na versão do advogado, teria sido usada pela vítima contra o autor.
O delegado havia informado que, segundo testemunhas, as dívidas começaram há mais de sete anos, quando a vítima e o suspeito ainda moravam na fazenda do advogado, em Guapó. Nos depoimentos das pessoas ouvidas pela Polícia Civil, elas alegaram que Sebastião colocava empresas no nome do cunhado, gerando dívidas. Ainda conforme os relatos, o lenhador recebia dinheiro do advogado, o que teria gerado discussões.
Na época, enquanto Hélio trabalhava às margens de uma rodovia, o policial rodoviário federal Huge Schaiblich, fez um levantamento sobre a vítima para confirmar se o homem tinha licença para cortar árvores no local. No entanto, a pesquisa revelou as dívidas milionárias.
Após a descoberta foi feita uma denúncia contra Sebastião e Hélio pediu proteção por meio da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Segundo o delegado, a vítima se mudou e conseguiu ficar longe do local por cerca de sete anos, já que recebia ameaças do cunhado. No entanto, com a morte do irmão de Hélio este ano, ele retornou à fazenda em maio para reclamar essa herança e acabou sendo morto durante desentendimento.
O delegado afirmou ainda que o suspeito deve ser indiciado pelo crime de homicídio qualificado por impossibilitar a defesa da vítima.
Por Vanessa Martins, G1 GO