Melody Driscoll tem 11 anos. Ela não pode brincar e nem consegue interagir com outras pessoas, como ocorre com a maioria das crianças de sua idade. Portadora da síndrome de Rett — um dos tipos mais raros de autismo, que afeta o desenvolvimento do cérebro e resulta em deficiências mental e física severas — ela já passou por mais de 40 operações e hoje corre o risco de ir morar com uma família adotiva. Isso porque seus pais, Karina Marrie Driscoll e Nigel Driscoll, iniciaram juma batalha judicial para que a menina possa receber morfina e esteroides e, assim, ter suas dores aliviadas.
De acordo com o “The Mirror”, os médicos do King’s College Hospital retiraram a medicação da garota por receio de que ela cause danos fatais ao fígado de Melody. Karina, de 35 anos, está processando o hospital para tentar uma decisão judicial que determine que a filha receba as substâncias. Ela e o marido — que são de Croydon, no sul de Londres — temem que Melody, sem os medicamentos, tenha uma parada cardíaca.
Karina diz que quer ter a filha viva por quanto tempo seja possível, mas frisa que prefere que a menina tenha qualidade de vida, não quantidade de vida.
“A Melody não pode falar, então nós somos a sua voz. Quando ela grita de dor, aponta para a barriga, como se estivesse dizendo: ‘por que você não está me ajudando, mamãe?’. É de cortar o coração e está destruindo a nossa família”, disse a mulher, ãe de outras quatro crianças, ao “Mirror”.
Para Nigel, os médicos não conseguem ter uma real noção do que realmente está acontecendo com Melody e quais são as reais necessidades da menina:
“É muito difícil vê-la sofrer quando sabemos que há algo que pode acabar com a dor numa questão de minutos. Nos disseram que ela já tem danos no fígado por ter sido alimentada por sonda durante tanto tempo. A gente acha que os médicos não conseguem enxergar o quadro total”.

Enquanto a batalha judicial se desenrola, a menina pode ter que ir para um lar adotivo, já que os médicos descreveram os pais de Melody como “difíceis” para funcionários do serviço social de Croydon e dizem temer que eles causem algum dano à garota.
“Eu vi as palavras ‘lar adotivo’ e me descontrolei. Não consegui continuar lendo. Nós amamos nossos filhos mais do que qualquer outra coisa e nunca iríamos machucá-los. Pedimos que alguém do serviço social acompanhasse nosso caso porque pensei que eles também fariam o melhor para a Melody. Agora vejo como fomos ingênuos. Como iremos dizer aos nossos outros filhos que eles podem ter que ficar longe de Melody?”, disse Karina.
Ao “Mirror”, a fundação que representa o hospital disse que “todas as decisões são tomadas pelo nosso time de profissionais em prol dos melhores interesses de nossos pacientes. Não podemos comentar mais nada a respeito desse caso”.
Já o Conselho municipal de Croydon informou ao jornal que “é sempre muito difícil garantir que as decisões certas sejam tomadas para crianças que tenham necessidades de saúde e cuidados complexas quando há diferentes opções médicas. Nós sempre procuramos trabalhar com os pais e ouvir as opiniões da criança e da família”.
O casal teve que parar de trabalhar para se dedicar aos cuidados à filha e iniciou uma campanha para receber doações.
Visita de Ed Sheeran
Fã de Ed Sheeran, Melody realizou o sonho de conhecer o ídolo em novembro de 2016, quando o cantor foi visitá-la num hospital em Surrey. O encontro aconteceu após Karina Driscoll fazer uma campanha pelo Youtube.

“Quando ele começou a cantar para ela, foi aí que ela percebeu que era ele mesmo e foi o mais feliz que já a vi em sua vida inteira”, disse Karina à época.
Ed cantou para Melody um de seus hits, “Photograph”.
Extra