Por João Edisom
“É “de esquerda” ser a favor do aborto e contra a pena de morte, enquanto direitistas defendem o direito do feto à vida, porque é sagrada, e o direito do Estado de matá-lo se ele der errado”, Luis Fernando Verissimo
O país está entregue ao crime, à corrupção e à burocracia. Estamos vivendo um saque generalizado da moral, uma vez que ética sempre foi artigo de luxo por estas bandas. A mentira já é mantra político: “não sei”, “não vi”, “é do amigo” ou o mais recente, “já que me acusa, apresente provas”. A palavra de mil testemunhas já não vale. Enquanto isso vamos assistindo a morte de um país.
O Brasil burocratizou o setor público para empregar, pra carimbar e agora o empregado carimbador estão cheios de direitos e precisam receber. E só pouco mais de trinta por cento da população paga a conta toda. Salários e direitos lá em cima e orçamento público comprometido. O modelo de gestão está morto e não temos outro para substituir.
Há uma guerra aberta. Os bandidos, as facções, tomaram conta do país. Temos lugares que nós, os cidadãos que pagam os impostos, não podem entrar, se formos seremos mortos. A polícia não vai. Quando vai alguma bala perdida mata uma criança e a opinião pública vai em cima de quem estava trabalhando. Já perguntaram se estas pessoas não estão sendo escudos humanos? Ou será apenas coincidência que só a bala perdida da polícia atinge cidadão? Porque a imprensa não repercute os mortos pelos bandidos em dia de guerra de facção? Só por que não dá indenização do estado?
O Judiciário está posto à prova. Ministério Público Federal, Supremo Tribunal de Justiça, juízes federais, Tribunais de Contas… Desconfiamos de todos e eles, todos os dias, dão muitos motivos para que nós suspeitemos mesmo. Os Poderes estão podres e não querem ter outro cheiro.
As reformas, todas elas defendidas por FHC e seus ministros, por Lula e seus ministros, por Dilma e seus ministros, até pela CUT, agora ninguém quer mais. É o tal de quanto pior melhor. É preferível saquear o país, roer até o osso, que pensar coletivamente, que pensar no futuro. Os que elegeram Temer hoje odeiam ele. Os que odiavam hoje aceitam e todos estão envolvidos em processos, todos temerários, todos temerosos, me perdoe o trocadilho.
As pesquisas apontam que a loucura chegou a sociedade. O boquirroto do ex-presidente Lula e o tresloucado do Bolsonaro lideram as pesquisas. Os demais nomes sugeridos mais parecem quadrilha de desenho animado, apesar de serem bandidos, aparecem em todos os episódios.
Nas semanas que ficamos sem a voz marcante e a poesia de Belchior e perdemos a sensatez de Eduardo Portella, temos as solturas de Eike Batista e de José Dirceu somadas as dezenas de ônibus queimados e a apreensão de um verdadeiro arsenal de fuzis, que não representa nem um décimo do existente nas mãos de bandidos, segundo próprio secretário de Segurança do Rio de Janeiro. Só nos resta olhar para o céu, ou para o aeroporto.
“Eu não estou interessado em nenhuma teoria, em nenhuma fantasia, nem no algo mais Nem em tinta pro meu rosto ou oba oba, ou melodia. Para acompanhar bocejos, sonhos matinais. Eu não estou interessado em nenhuma teoria, nem nessas coisas do oriente, romances astrais. A minha alucinação é suportar o dia-a-dia e meu delírio é a experiência com coisas reais”, Belchior.
O pior do Brasil é uma boa parte dos brasileiros que aprenderam a viver sobre o suor de uma minoria trabalhadora, que fez sua declaração de imposto de renda em abril e já entrou maio devendo. Ou, como afirmou Eduardo Portella: O homem cordial já se encontrava respirando por aparelho. Ultimamente, ao que tudo indica, esses aparelhos foram desligados”. Ou mesmo quando disse: “…Tem faltado cultura a educação e educação a cultura. E na falta de ambas, facilita-se ou contribui-se para a proliferação da violência e da criminalidade”.
O Brasil esta morrendo, talvez seja necessário morrer mesmo para renascer em um outro patamar.