Mãe de goiano que sumiu ao tentar entrar ilegalmente nos EUA se ajoelhou aos pés do filho para que não viajasse: 'Pesadelo'
Mãe do goiano que desapareceu ao tentar entrar ilegalmente nos Estados Unidos, a dona de casa Idalira de Jesus, de 48 anos, conta que se ajoelhou aos pés do filho para que não viajasse, há quatro meses. Mesmo assim, Maykon Eder Alves de Jesus, de 23 anos, seguiu o sonho dele de buscar uma vida melhor para a família. Há 40 dias sem notícias do jovem, ela diz que vive um “pesadelo”.
“Não como, já emagreci não sei quantos quilos, estou tomando remédio para dormir, estou com uma psiquiatra. Não é vida, estou vivendo pelo Senhor, pela esperança e por esses dois do meu lado [marido e filho caçula]”, desabafou a mulher ao G1.
Maykon Eder morava com os pais e o irmão em Senador Canedo, na Região Metropolitana de Goiânia. Segundo a família, há dois anos ele teve a ideia de ir para os Estados Unidos, tentou tirar o visto por duas vezes, mas não conseguiu autorização.
“Ele tinha o sonho de trabalhar, juntar dinheiro para ajudar a família, crescer na vida”, disse o irmão dele, Wesley Alves de Jesus, de 21 anos.
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Idalira de Jesus está desesperada sem notícias do filho (Foto: Paula Resende/ G1)
Viagem
Os parentes não sabiam que Maykon Eder ainda tentava ir para o exterior. Ele só contou à família sobre a viagem horas antes de embarcar, no dia 10 de maio, quando pediu dinheiro para pagar parte dos custos.
“Ele me disse: ‘Mãe, apareceu a oportunidade, me ajuda, eles vão me atravessar, se a senhora não me ajudar, vou em banco porque a oportunidade é agora’. Não tivemos saída, tivemos que ajudar”, contou Idalira.
O jovem saiu de Goiás em 10 de maio e, no dia seguinte, do Brasil. Primeiramente, ele foi para o Panamá, depois para a República Dominicana e, por fim, chegou às Bahamas.
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Idalira e o marido, Silvânio de Jesus, olham fotos do filho para aliviar a saudade (Foto: Paula Resende/ G1)
De acordo com o irmão de Maykon Eder, um dos agenciadores ainda deu um golpe no rapaz. “Na República Dominicana, o ‘coiote’ pegou o dinheiro dele e não cumpriu o que tinham combinado. Aí tivemos que mandar mais dinheiro”, contou.
Ao todo, a família mandou cerca de R$ 35 mil para Maykon Eder. Todos os dias, os pais contam que o pediam para voltar. Inclusive, ele disse que já estava pensando na hipótese.
Último contato
A última vez que Maykon Eder entrou em contato com os parentes foi no dia 3 de agosto, quando estava em Freeport, nas Bahamas. Na ocasião, o goiano disse por mensagem de celular que poderia iniciar a travessia pelo mar a qualquer momento.
“Se eu não falar mais com a senhora, não se preocupe porque eles tomam o celular. Quando chegar em Miami, entro em contato. Amo vocês”, disse o jovem à mãe.
Os parentes não sabem o que ocorreu depois. “A gente não sabe se ele foi preso, se ele está com outro coiote, em trabalho escravo. Também não podemos descartar um naufrágio”, disse o irmão.
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Maykon Eder Alves de Jesus sumiu ao tentar entrar nos Estados Unidos (Foto: Arquivo pessoal/ Wesley Alves de Jesus)
Falta de apoio
Os familiares reclamam da falta de apoio das autoridades. “A gente não tem resposta, parece que não estão preocupados com a vida de mais um brasileiro. Só queremos notícias do meu irmão”, reclamou Wesley.
O Gabinete de Gestão de Assuntos Internacionais informou que teve conhecimento do caso, mas não tem autonomia para contratar detetives ou fazer buscas no exterior. Porém, já tomou as medidas cabíveis.
“Fizemos contato com o consulado da região em busca de apoio. Também entramos em contato com o Itamaraty, e estamos aguardando uma resposta”, explicou ao G1 o secretário-chefe da pasta, Isanulfo Cordeiro.
Por sua vez, o Itamaraty informou, em nota, que o “Consulado do Brasil em Miami tem acompanhado as investigações feitas pelas autoridades locais e prestando todo o apoio possível à família”.
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Família diz que Maykon Eder de Jesus tinha feito vários cursos e lutava por melhor condição financeira em Senador Canedo, Goiás (Foto: Paula Resende/ G1)
Por Paula Resende, G1 GO