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Mãe de estudante morto na escola diz que pais do colega que atirou são ‘tão ou mais culpados do que ele’

João Vitor Gomes, de 13 anos, estudava com o autor dos disparos há pelo menos quatro anos em um colégio de Goiânia. Além dele, outro aluno morreu e mais quatro ficaram feridos durante ataque.

s pais do estudante João Vitor Gomes, de 13 anos, que foi morto dentro da sala de aula, cobram a responsabilidade dos pais do atirador, um colega de 14 anos, pelo atentado, pois o adolescente tinha acesso a armas e sabia atirar. Além do primogênito do casal, os tiros causaram a morte de outro menino e deixaram quatro colegas feridos.

“Nada justifica, o menino era amigo de escola dele, se torna ainda mais difícil. Não é revolta, é indignação. Os pais são tão ou mais culpados do que ele. A situação foi propícia, tinha uma arma ao alcance dele, ele sabia manusear a arma, não matou meu filho sozinho”, disse a mãe do menino, a gestora de eventos Katiuscia Gomes Fernandes, de 40 anos, em entrevista exclusiva ao G1 e à TV Anhanguera.

G1 entrou em contato com a defesa da família do atirador após a declaração, mas não obteve retorno. Anteriormente, a advogada Rosângela Magalhães havia dito que o menino estava arrependido e abalado, assim como os pais dele, que são policiais militares

João Vitor Gomes foi morto por colega no Colégio Goyases (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)

João Vitor Gomes foi morto por colega no Colégio Goyases (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)

De acordo com os pais de João Vitor, o filho e o atirador estudavam há pelo menos quatro anos juntos. Porém, eram amigos na escola, pois não frequentavam a casa um do outro e os pais não se conheciam.

“O João me falava que eles jogavam RPG [jogo de interpretação de papéis] juntos no recreio. Eles também estavam fazendo um projeto da escola juntos. O João me falava que ele era engraçado”, detalhou a mãe.

Mãe de João Vitor Gomes chora ao enterrar o corpo do filho, em Goiânia (Foto: Danila Bernardes/ TV Anhanguera)

Mãe de João Vitor Gomes chora ao enterrar o corpo do filho, em Goiânia (Foto: Danila Bernardes/ TV Anhanguera)

Filho dedicado

Os pais contam que João Vitor se dedicava muito a tudo que fazia. Neste ano, por exemplo, tinha tirado as melhores notas da turma em todos os simulados e se preparava para as Olimpíadas de Matemática.

“Era um filho obediente, muito estudioso, sério para aquilo que era para ser sério, como na escola e na catequese, mas muito brincalhão em casa, participativo, muito perfeccionista, humilde e sensível “, enumerou a mãe.

Pai de João Vitor, o analista de sistemas Fabiano Moreira Fernandes, de 43 anos, diz o filho era querido por todos os que o conheciam.

“Ele não tinha defeitos, era muito amigo”, disse o pai, emocionado.

Além de João Vitor, o casal possui mais dois filhos, sendo um menino de 11 anos e uma menina de 8 meses de vida. “Só Deus é capaz de me dar forças para continuar vivendo. Tenho mais dois filhos e preciso de forças para cuidar deles”, disse a mãe.

Pai de João Vitor diz que o filho era 'sem defeitos' (Foto: Paula Resende/ G1)

Pai de João Vitor diz que o filho era ‘sem defeitos’ (Foto: Paula Resende/ G1)

Atentado

O crime aconteceu na manhã de sexta-feira (20) em uma sala de aula do 8º ano do Colégio Goyases, no Conjunto Riviera, em Goiânia. Os disparos aconteceram no disparo entre duas aulas.

Segundo o delegado Luiz Gonzaga Júnior, responsável pelo caso, o autor dos disparos disse que sofria bullying de um colega e, inspirado em massacres como o de Columbine, nos Estados Unidos, e de Realengo, no Rio de Janeiro, decidiu cometer o crime. Filho de policiais militares, ele pegou a pistola .40 da mãe e a levou para a unidade educacional dentro da mochila.

Além de João Vitor, os tiros causaram a morte de João Pedro Calembo, também de 13 anos, e deixaram outros quatros colegas baleados. Um deles, Hyago Marques, recebeu alta neste domingo e já se recupera em casa, mas outros três continuam internados.

João Vitor e João Pedro aparecem em centro de foto da turma (Foto: Arquivo Pessoal)

João Vitor e João Pedro aparecem em centro de foto da turma (Foto: Arquivo Pessoal)

Bullying

O coronel da Polícia Militar Anésio Barbosa da Cruz informou que o autor dos disparos era alvo de chacotas de colegas. “Ele estaria sofrendo bullying, se revoltou contra isso, pegou a arma em casa e efetuou os disparos”, disse.

Um aluno de 15 anos, que estava na sala no momento do tiroteio, também contou que o adolescente era vítima de piadas maldosas.

Autor dos disparos e João Vitor eram colegas no Colégio Goyases há pelo menos quatro anos (Foto: Sílvio Túlio/ G1)

Autor dos disparos e João Vitor eram colegas no Colégio Goyases há pelo menos quatro anos (Foto: Sílvio Túlio/ G1)

Autor apreendido

O menor está apreendido apreendido na Delegacia de Polícia de Apuração de Atos Infracionais (Depai). A Justiça acatou pedido do MP e determinou a internação provisória dele por 45 dias. Advogada que representa o adolescente disse que ele está “abalado” e “arrependido”.

Tenente-coronel Marcelo Granja, assessor de imprensa da Polícia Militar, revelou ao G1 a conversa que teve com o pai do autor dos disparos, que é major da corporação. Segundo ele, o policial – seu amigo há mais de 15 anos – ainda está profundamente abalado com o que aconteceu.

O assessor informou que tanto o major quando a esposa, que também é policial e dona da arma usada pelo adolescente, serão ouvidos pela Corregedoria da PM. A oitiva deve ocorrer na próxima semana, mas ainda não há data definida.

Por Paula Resende, G1 GO

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