DJ, que não é considerado suspeito, afirma que brigou com a namorada na noite de réveillon e não teve mais contato com ela – que ficou desaparecida por 6 dias. Corpo foi encontrado no sábado (6).
O namorado de Gabrielly Teixeira Santos, de 20 anos, encontrada morta em um matagal de um condomínio de luxo em Bertioga, no litoral de São Paulo, se apresentou à Polícia Civil nesta quarta-feira (10) e afirmou que brigou com a jovem momentos antes de ela desaparecer.
O corpo de Gabrielly foi encontrado no sábado (6) com uma corda no pescoço, pendurada, mas não suspensa, no galho de uma árvore em um matagal na Riviera de São Lourenço. A polícia investiga a possibilidade da cena do crime ter sido forjada para simular um suicídio, e a hipótese de homicídio não é descartada.
O namorado da vítima, que é DJ, nega ser autor do crime e, segundo a polícia, não é considerado suspeito. Gabrielly foi vista pela última vez após o réveillon, quando esteve com o namorado em uma festa particular no condomínio. Após isso, não fez mais contato com familiares e foi dada como desaparecida.
O jovem não relatou o desaparecimento da namorada por mais de uma semana e se apresentou à polícia após ser intimado a prestar esclarecimentos. Por conta de possíveis retaliações, o nome dele é mantido em sigilo, uma vez que, no momento, ele não é considerado suspeito nas investigações.
“O rapaz se apresentou junto com um advogado e negou que tenha cometido qualquer crime. Ele admitiu que brigou com ela, por ciúmes, na festa de Ano Novo, para a qual ele foi contratado para ser o DJ da noite e onde ela comemorava o aniversário de 20 anos”, afirmou o delegado Sérgio Nassur, titular da Delegacia Sede da cidade.
Ao delegado, o rapaz afirmou que, após o desentendimento na festa, os dois saíram juntos de carro, por volta das 3h do dia 1º de janeiro, e se dirigiram a um hotel no mesmo condomínio.
Segundo Nassur, o DJ subiu para o apartamento, e a jovem permaneceu no carro dele. Em seguida, ela saiu do veículo e seguiu em direção a um beco, onde seria encontrada morta após seis dias. Momentos depois, o rapaz desceu e perguntou ao recepcionista para onde a garota havia ido. O funcionário indicou, e o jovem foi no mesmo sentido.
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“Imagens de câmeras de monitoramento mostram isso, e a versão é corroborada pelo funcionário do hotel, que nós já ouvimos também. Não é possível ver se eles [a jovem e o DJ] carregam algo nas mãos, ou se ambos se encontram, mas as imagens mostram, ainda, o rapaz voltando para o hotel momentos depois”, afirma.
Para o delegado, o DJ afirmou que esteve no mesmo local, nas proximidades do matagal onde a jovem foi encontrada morta, mas não a viu em qualquer momento. Pelo relato, ele voltou ao hotel, buscou as coisas e ficou procurando por ela pelo condomínio. “As imagens da Riviera mostram isso também”, afirma o delegado.
O DJ deixou o condomínio por volta das 12h30, pois tinha um compromisso durante a tarde. A jovem e o namorado são de São Vicente, também na Baixada Santista.
“Para nós, ele disse que acreditava que a namorada tinha pegado carona com alguém. Em outras brigas, em outras ocasiões, ele afirma que ela já ficou dias sem aparecer, mas que sempre voltava, e por isso não acionou a polícia.”
O rapaz entregou ao delegado o celular de Gabrielly e outros bens que ela deixou no carro dele. Ele ainda afirmou que procurou por duas amigas da jovem, uma que mora em São Bernardo do Campo e outra em São Vicente, para ter notícias, mas ambas também não sabiam o paradeiro de Gabrielly.
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“O namorado da jovem não é considerado suspeito, mas vamos confirmar ainda tudo o que ele nos falou. Aguardamos os resultados dos exames da perícia e do Instituto Médico-Legal, mas os dados serão complementares. Ainda vamos ouvir o depoimento de outras testemunhas nos próximos dias”, afirmou Nassur.
O rapaz disse, ainda, que mantinha relacionamento com Gabrielly há aproximadamente um ano, e que, apesar de não ter testemunhado, ouviu relatos de conhecidos sobre duas ocasiões em que ela teria tentado se matar no passado. Eles não moravam na mesma casa, e a jovem não tem contato com familiares.
“Precisamos esgotar todas as possibilidades, a partir do depoimento de testemunhas, imagens de câmeras de monitoramento, laudos e exames, para saber se, de fato, ela se matou ou se foi vítima de um crime. Pelo depoimento do namorado, a situação se encaminha para suicídio, mas nós não temos certeza disso”.
O caso
Gabrielly ficou desaparecida por seis dias, mas o namorado, conhecidos e familiares não acionaram as autoridades. O corpo dela foi encontrado por turistas que caminhavam pela Alameda do Remo, na Riviera de São Lourenço, durante a noite de sábado, após sentirem forte odor proveniente do local.
A princípio, o caso era tratado como um suicídio, uma vez que a jovem estava com uma corda amarrada ao pescoço e parcialmente pendurada em um galho de árvore em meio a um matagal. Um possível afundamento do crânio foi registrado no boletim de ocorrência, mas o fato ainda não foi confirmado pelo IML.
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“O nó da corda estava embaixo do queixo dela, mas, geralmente, teria que ficar atrás, na nuca. Os pés dela também tocavam o chão e ela não estava completamente suspensa. A cena que estava ali não é padrão de suicídio, por isso foi registrado como morte suspeita”, explicou o delegado.
A autoridade policial apurou, ainda, que a jovem não morava com os familiares desde os 15 anos e que passou a viver sozinha recentemente. A mãe dela é falecida e havia lhe deixado uma pensão, de onde tirava o sustento. O caso segue em investigação pela equipe da Delegacia Sede de Bertioga.
Do G1