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Jefferson provoca racha interno ao ‘bolsonarizar’ PTB

EBC

Presidente nacional do PTB, o ex-deputado Roberto Jefferson prepara seu partido para ser uma alternativa ao Aliança pelo Brasil, sigla lançada ano passado para abrigar o presidente Jair Bolsonaro e que enfrenta dificuldade para sair do papel. Concluída a ‘bolsonarização’ do partido, o PTB teria chance de abrigar o projeto de reeleição de Bolsonaro em 2022. Esse movimento gerou um racha e a desfiliação de quadros históricos da legenda.

Na semana passada, o deputado federal e filho do presidente, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), admitiu que o Aliança pode não ser autorizado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) até 2022 e que, caso isso aconteça, um dos planos é ingressar um outra sigla.

Essa tese também é defendida pelo entorno do presidente, que, reservadamente, sugeriu que Bolsonaro busque um partido estruturado para disputar a reeleição em vez de insistir no projeto do Aliança. Segundo esses aliados, o PTB é um dos cotados para receber o presidente. Jefferson, que se tornou um defensor estridente das pautas de Bolsonaro nas redes sociais, já convidou o chefe do Executivo a disputar a reeleição pelo PTB.

Para provar lealdade ao presidente, Jefferson promoveu uma intervenção nos diretórios municipais e anulou as convenções partidárias durante as eleições nas cidades onde a sigla apoiaria candidatos de outros partidos que fazem oposição ao Palácio do Planalto. Foram registrados casos em São Bernardo do Campo, Osasco e Presidente Prudente, em São Paulo, Salvador (BA) e Fortaleza (CE). Em áudio obtido pelo Estadão na época, Jefferson diz: ‘Não vamos apoiar partido que é inimigo do Bolsonaro”.

A ação agressiva do dirigente levou o ex-deputado Benito Gama (BA), o ex-senador Armando Monteiro (PE) e o deputado estadual Campos Machado (SP) a se afastarem do partido. “Deixei os cargos do diretório nacional, do diretório da Bahia e estou me desfiliando (do PTB)”, afirmou o ex-deputado Benito Gama, que era vice-presidente nacional do partido e presidente estadual. “Houve a dissidência de alguns Estados com a nacional e alguns Estados se afastaram”, disse, citando também os casos de São Paulo e Pernambuco.

Gama afirmou que, inicialmente, Jefferson havia concordado em manter a decisão do diretório de Salvador em apoiar a candidatura do prefeito eleito da cidade, Bruno Reis (DEM), mas recuou depois. “Foi uma mudança radical. A gente já tinha feito as convenções”, disse o ex-parlamentar sobre a realização da reunião do PTB municipal que oficializou o apoio a Reis. “Aí não dava para ficar.”

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