Governo estuda Medida Provisória para alterar Lei das Estatais

Proposta estabelece estatuto jurídico para empresas públicas que explorem atividade econômica da União, estados e municípios
Em meio à pressão feita pelo Executivo e na esteira da coleta de assinaturas para a criação de uma CPI da Petrobras, o governo do presidente Jair Bolsonaro estuda alterar a Lei de Responsabilidade das Estatais (13.303/2016) por meio de uma medida provisória.
A lei foi assinada em 2016 pelo então presidente Michel Temer (MDB) e estabelece estatuto jurídico para empresas públicas e sociedades de economia mista que explorem atividade econômica da União, estados, Distrito Federal e municípios.
O chefe do Executivo já disse que a estatal não respeita o que está previsto na Lei das Estatais ao não cumprir sua função social e não pensar no bem-estar da população, além de mencionar o lucro bilionário registrado pela Petrobras no primeiro trimestre deste ano.
Não há, ainda, data para que a medida provisória seja apresentada. Pelas regras, o texto tem validade a partir do momento em que é publicado no Diário Oficial da União.
A mudança na Lei das Estatais é defendida também pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). Em coletiva de imprensa na última segunda-feira (20), o parlamentar cobrou mais participação do governo na tomada de decisões contra a Petrobras.
Na avaliação de Lira, diversos assuntos podem ser resolvidos de forma mais rápida caso o Executivo apresente medidas provisórias, que são editadas pelo presidente da República em situações de relevância e urgência.
“Medidas que possam alterar alguns aspectos da Lei das Estatais, que permitam uma maior sinergia entre as estatais e o governo do momento. O que se aprovou lá atrás, muito ainda no rebote das operações, das situações que o Brasil passou, transformaram as estatais em seres autônomos e com vida própria, muitas vezes dissociados do governo do momento”, afirmou Lira.
CPI da Petrobras
A eventual alteração na Lei das Estatais ocorre ao mesmo tempo que o governo mobiliza a coleta de assinaturas para abertura de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, para investigar supostas irregularidades no processo de definição de preços dos combustíveis e outros derivados de petróleo no mercado interno.
O pedido, que tem no momento 65 assinaturas, precisa de 171 nomes para ser remetido à presidência da Câmara dos Deputados. O texto foi apresentado pelo PL, partido de Bolsonaro.
No requerimento, os parlamentares mencionam que querem investigar a conduta da diretoria e do conselho da Petrobras sobre os preços; instituição do modelo de gestão da estatal; motivos do endividamento da companhia e gerenciamento do passivo; impacto da concessão de benefícios corporativos sobre os preços praticados; modelo tributário dos combustíveis e derivados; e os efeitos decorrentes da sonegação fiscal.
O presidente da estatal, José Mauro Ferreira Coelho, pediu demissão do cargo nesta segunda-feira (20) após um novo anúncio de reajuste nos preços dos combustíveis. Os aumentos são definidos pela direção da Petrobras e por conselheiros da companhia, em sua maioria indicados pelo governo federal. Hoje, o conselho é formado por 11 membros. Desses, seis foram indicados pelo governo Bolsonaro.
Por Plínio Aguiar, do R7