Cortes de verbas em universidades públicas afetam permanência de alunos e ameaçam até sobrevivência

Gabriel Francisco da Silva Filho é estudante e foi impactado pelo bloqueio de verbas na Educação — Foto: Gabriel Francisco/Arquivo Pessoal
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Anunciado recentemente, o bloqueio de verbas na Educação têm colocado em risco a permanência de alunos em universidades e institutos federais e até mesmo a sobrevivência de alguns deles. Além das bolsas de pesquisas atrasadas, serviços como restaurantes universitários, aulas práticas também corem risco de serem suspensos e até conta de energia ficar sem pagamento.
O bloqueio de verbas de universidades e institutos federais em Goiás é de cerca de R$ 17 milhões, divididos em:
- Universidade Federal de Goiás (UFG): R$ 2,4 milhões
- Universidade Federal de Jataí (UFJ): R$ 4 milhões
- Universidade Federal de Catalão (UFCat): R$3,2 milhões
- Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás (IFG): R$ 3,6 milhões
- Instituto Federal Goiano (IF Goiano): R$ 4,1 milhões
Davi Oliveira Gomes, de 21 anos, estudante de enfermagem, recebe uma bolsa de pesquisa, que não foi paga neste mês. O valor é como se fosse o seu salário, já que um dos requisitos para receber é não ter vínculo empregatício. O dinheiro é usado para pagar todo tipo de despesa, como água, energia, internet e até mesmo alimentação no restaurante da Universidade Federal de Goiás (UFG).
Gabriel Francisco da Silva Filho, de 26 anos, faz mestrado na UFG e também está sem receber a bolsa de pesquisa. Ele também depende exclusivamente do valor vindo do governo federal para se manter.
Sem o dinheiro, ele ainda pensa em como vai fazer para pagar todas as contas. Entre os amigos, conhece pessoas que foram atrás de empréstimos após a bolsa não ser paga este mês.
A estudante de publicidade e propaganda Heloisa Marina Silva Carvalho, de 24 anos, se mudou de Belém (PA) para fazer faculdade em Goiás. Ela também depende exclusivamente do valor da bolsa para seguir na faculdade e pagar todas suas contas. Ela mora na Casa do Estudante Universitário (CEU) e teme, inclusive, ficar sem local para morar com tantos bloqueios.
“Sou sozinha, não tenho família aqui em Goiânia, rede de apoio. Precisamos de recurso para sobreviver. Não sabemos o que vai acontecer com a CEU, não dão garantia de continuar as bolsas em janeiro, não temos segurança quanto ao restaurante universitário. A gente teme ter que deixar o curso”, disse.
O IF Goiano, afirma: “O bloqueio já impactou na diminuição de abastecimento de veículos oficiais, pagamentos de diárias e passagens e serviços de manutenção e vigilância nos campus. Além disso, a falta do recurso bloqueado impede a Instituição de adquirir novos materiais e insumos para laboratórios, o que poderá impactar na continuação de pesquisas e aulas práticas que ainda estão previstas”, diz a nota do instituto
Já o IFG pontua: “Os cortes e bloqueios financeiros e orçamentários promovidos pelo Governo Federal comprometerão o regular funcionamento dos serviços ofertados pelo IFG, uma vez que serviços essenciais de limpeza e vigilância serão descontinuados, a realização de visitas técnicas, o pagamento de auxílios e funcionamento dos restaurantes estudantis destinados aos estudantes em situação de vulnerabilidade social serão inviabilizados diante da falta de recursos orçamentários e financeiros para o efetivo pagamento”, afirma a unidade
A UFG também se manifestou: “Nos foi bloqueado o pouco que havíamos reservado para os compromissos mais importantes, incluindo manutenção do funcionamento do restaurante universitário, viagens para aulas práticas, materiais e alguns equipamentos. Foram bloqueados 2,4 milhões da UFG, sendo ⅓ referente a Assistência estudantil (Restaurante Universitário)”, diz a universidade
O ministério da Economia informou que no relatório de receitas e despesas do quinto bimestre, foi indicada uma necessidade de bloqueio de R$ 5,67 bilhões para cumprimento do teto de gastos, em virtude do aumento da projeção de despesas obrigatórias. A pasta ainda informou que os valores poderão ser reavaliados
“Como resultado, no Ministério da Educação houve um bloqueio adicional de R$ 1.434,7 milhões, perfazendo um bloqueio total até o momento de R$ 2.368,4 milhões para despesas discricionárias”, disse.
Da Redação do Click News